"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


domingo, 22 de julho de 2012

SENHORA DAS PLANTAS E DAS ÁRVORES

O Sagrado Salgueiro Chorão

Salix Alba
Não há desmerecimento às outras árvores quando me refiro ao salgueiro como sagrado pois se trata realmente de uma das árvores sagradas mais conhecidas e em diversas culturas.
O salgueiro chorão não tem origem na Europa e sim no Leste Asiático. Então podemos dizer que o culto à esta espécie atravessou a Ásia passando por todo o oriente, chegando ao extremo oeste da Europa até os limites das Ilhas Britânicas. É muito provável que estivesse entre as principais árvores que ornamentavam os jardins da babilônia e na grécia era consagrado à grandes deusas como Hera e Hécate. Normalmente dedicado à deusas noturnas ou lunares por sua forte ligação com o feminino.
Como já foi postado aqui no blog, a palavra "Witch" (bruxa) deriva de "Willow" (salgueiro). A árvore, desde a idade média, está associada às bruxas e as bruxas, por sua vez, ao feminino. É compreensível, portanto, que a árvore esteja ligada a ambos.
Certa vez, numa palestra sobre Ogham, a palestrante definiu muito bem como é observar um salgueiro: "Ele é acolhedor, é maternal e parece que te espera para um abraço".
Talvez os antigos também o vissem desta forma, como um ser maternal e acolhedor. Mais uma vez a figura da mulher se apresenta nesta simbologia.
Eu, particularmente, não gosto da expressão "chorão", pois parece dar à árvore uma fragilidade que não é real. De todas as árvores "choronas", afinal existem diversas espécies com este aspécto, somente o salgueiro leva "chorão" como codinome.
O salgueiro é uma árvore muito resistente, ela resiste muito bem ao fogo e a madeira de salgueiro é uma das piores para a lenha e nunca a utilizavam para este fim.
De um simples galho de salgueiro, sem grandes cuidados, uma nova árvore brota e seu crescimento é relativamente rápido. Ele é bastante tolerante às secas e chuvas em excesso.
Na realidade, o excesso de água é muito benéfico ao salgueiro, é uma das árvores prediletas para cultivo à beira de lagos e rios pois seu tronco não apodrece. Além de ornamentarem às margens, seus ramos tendem a alcançar à água como se realmente pretendessem toca-la.
Os antigos já conheciam as propriedades medicinais do salgueiro, seu poder anti-inflamatório e analgésico. Tal conhecimento ultrapassou os séculos e hoje um dos mais eficazes e utilizados medicamentos, a "aspirina", se deve aos antigos que já utilizavam a casca do salgueiro no combate à diversas enfermidades.
O ácido acetilsalicílico é resultado do principio ativo da casca da árvore, a salicina, e seu nome deriva de "Salix", nome científico do Salgueiro.
Não há dúvidas que esta é realmente uma árvore sagrada.


A Velha Sabugueiro

Sim, o título está correto, pois não devíamos chama-lo de "o sabugueiro", mas como não é considerado uma árvore e sim um arbusto e, na lingua portuguesa, diferente do inglês, os gêneros são bem definidos, não podemos considera-lo como "a sabugueiro". Todavia, há séculos e em diversas culturas, está relacionado ao feminino e ligado às bruxas.
O sabugueiro está no folclore da maioria dos países europeus, com lendas e superstições que foram transmitidas de geração em geração desde os tempos pré-cristãos. Sempre ligado ao feminino, às fadas e às deusas. Dizem, inclusive, que é esta grande ligação com o feminino que faz com que o sabugueiro seja considerado a "árvore das bruxas". Alguns pagãos o chamavam de "Mother Elder" (Mãe Anciã) ou "Ellhorn the Wisewoman" (Ellhorn, a velha Sábia).
"A Lenda da Velha Sabugueiro"


Reza a lenda que, um rei partiu da Dinamarca rumo à Bretanha com o intúito de conquista-la. Pisou em solo inglês companhado de muitos homens e, depois de marcharem por muitos dias, atravessaram uma faixa de campo em direção à uma aldeia conhecida como "Long Compton".
Já bem próximos ao vilarejo, em uma trilha íngreme, uma velha mulher apareceu a eles e lhes disse:


"Sete largos passos darás,
Se puder ver Long Compton,
Rei da Inglaterra serás! "


O rei, com bom pressentimento, sentiu que as palavras da velha feiticeira fossem uma profecia a seu favor. Deu, então, sete largos passos adiante mas sua visão foi bloqueada por uma colina e ele nada pode ver.
A velha sorrindo então conjurou:

"Como Long Compton não podes ver,
Rei da Inglaterra não poderás ser.
Levanta-te e, como rocha, fique parado
,
Para a Inglaterra não haverá rei.
Tu e teus homens em pedras serão transformados.
E eu, sabugueiro me tornarei ".



Um forte vento então soprou e o o rei, juntamente com seu exército, se transformaram em um círculo de pedras. A velha, então, transformou-se em sabugueiro e juntou-se às outras árvores do local.
E até hoje existe este místico círculo de pedras que fica localizado entre os condados de Warwickshire e Oxfordshire, denominado "The Rollright Stone".





Postado por Hugo Ilex IN: VALE DO MAGO

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