"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


quarta-feira, 9 de março de 2011

MULHER HABITIS

"Estou atrás do que fica atrás do pensamento. Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo. Gênero não me pega mais. Além do mais, a vida é curta demais para eu ler todo o grosso dicionário a fim de por acaso descobrir a palavra salvadora. Entender é sempre limitado. As coisas não precisam mais fazer sentido. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. Porque no fundo a gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro."

Clarice Lispector



"Habitis, cala me porque não sei quem sou. Habitis, força de quem habita, habita em meu corpo grandiosa profundidade"

Nas matas e na madrugada perto dos lagos e dos moinhos de milho, atenta e até no amanhacer, murmuro e canto eu mulher sem face, mulher com rosto de górgona. Tanto intenso amor oferta e perdido nas matas escuras porque o que a górgona fala é profundo demais para o mundo
Ela (eu) fala de caminhos profundos que percorrem a alma e o ser, pulsos de luz e escuridão, das diferentes essências que perfazem as emoções, dos medos da sombra, dos pulsos terríves do instito e do amor que brota delicado e em dor.
O que ela fala é como um terror para as pessoas, que correm, que gritam, que a temem e que riem se dela como os animais que guinchão na escuridão.
Ela não foi feita para este mundo, ela sabe que tudo que vive por aqui é um grande engano, ela busca nas grutas da Terra Mãe, o pulso primordial da vida, o local aonde tendo feita sua toca possa descançar mesmo sabendo se terrível, bela e terrível como a essência do amanhecer no inverno.
Ela (eu) percorre as montanhase os lagos azuis de aurora, promessa e milagre, sentindo a liberdade da vida correndo lhe o sangue pulsando lhe o ser, amada e libertamente. Amada por si mesma, pois ela é a floresta e o clamor da floresta a ama. Ela (eu) diz grita com a voz bela e cavernosa como as grandes grutas da Mãe: Eu falo de mim, falo de mim , falo de mim
E enquanto bate as mãos sob os seios sente as ondas de força, de sua propria força pulsarem sobre a Terra.

Ela mergulha nas águas antigas dos oceanos e lá solitária canta os antigos hinos das feiticeiras do mar.
Ela caminha por sobre as águas livre e liberta pois é mais antiga que esse mundo, reinado pelo falso profeta...
Ela caminha por sobre a madrugada, sua foice é a lua, sua espada é o sol, e ninguém na terra ousa se aproximar dela que é milagre vivo e a bênção da Mãe-Vida.
Caminha eterna e docemente para lá do sol...
E Eu sou mas antiga do eu.

Gaia Lil

"Eu sou mais forte do que eu"
C.L

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