"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


segunda-feira, 1 de março de 2010

NANÃ, GUIA-ME



UMA DAS MANIFESTAÇÕES DA GRANDE MÃE, SENHORA DA SABEDORIA, DOS MISTÉRIOS E DAS ÁGUAS...

Grande Senhora das Terras molhadas e fecundas, com a qual foram criados todos os seres, reina na lama que formou a Terra, nas águas paradas e pântanos.

Nanã, Senhora de muitos búzios, que simbolizam fecundidade, riqueza e morte. É associada ao barro com que foi moldado o primeiro homem; ao fundo de rios e mares. É o ponto de contato entre as águas e a terra. Vive nas madrugadas, quando o orvalho umedece a terra.
Nanã, pelo fato de ser um dos primeiros Orixás criados por Olorun, é caracterizada como uma Anciã, ou uma Avó. É Guardiã do reinado dos eguns e ancestrais, assim como Obaluayê; usando o ibiri (espécie de bastão ritual com a ponta curva, confeccionado com palha da costa e búzios) como elemento controlador e genitor. Seus preceitos são extremamente complexos e ricos em detalhes... Ao mesmo tempo em que dá vida às criaturas, faz com que retornem ao seu elemento de origem, para mais tarde, renascerem na Terra, formando o ciclo da vida e da morte. Por isso, o corpo após a morte, deve ser devolvido a terra, de onde ele saiu um dia.


“Nanã, a Deusa dos Mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo”


A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.

A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nanã faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nanã.

“Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte”

Ela é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nanã é a História. Nanã é água parada, água da vida e da morte.

Nanã pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas ações vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.

É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nanã. Respeitada e temida, Nanã, Deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.
Texto: web page Candomblé o mundo dos Orixás

Enxertos roubados by MATER MUNDI - NANA ODARA


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